Caracterização de condições de exposição e riscos previsíveis do terreno e do empreendimento (NBR 15575)

A ABNT NBR 15575 determina que sejam caracterizados os riscos previsíveis no terreno e realizados estudos técnicos necessários para mitigar estes riscos.
Entende-se por riscos previsíveis situações em que é possível ter dados ou informações que possam levar a prever certas ocorrências.

Como organizar estes riscos e condições?

É necessário então elaborar um roteiro de riscos previsíveis a serem identificados preferencialmente na compra do terreno, e para cada um deles, se constatados de fato no terreno, deverão ser indicados os estudos técnicos a serem feitos para que possam ser adotadas medidas de engenharia que mitiguem estes riscos. É importante registrar quais foram estas medidas tomadas.

Para este registro deverão ser armazenados os relatórios e/ou peças gráficas destes estudos realizados e de projetos ou outras condições adotadas como medidas de mitigação de riscos.

Condições de exposição

Para as condições de exposição já são indicadas nas diretrizes de projeto as condições de identificação de zona bioclimática a ser indicada por ocasião do cálculo de transmitância térmica e capacidade térmica e de região de vento a ser indicada no cálculo de esquadrias e no memorial de projeto de estruturas.
A medição de ruído de entorno para caracterizar a classe de ruído (classe I, II ou III) que é necessária para a especificação do desempenho acústico da esquadria deverá ser contratada pouco antes do início do projeto de arquitetura, pois a norma deixa claro que estes valores devem ser considerados com o que se constatava no terreno à época do projeto.

Como contratar os serviços de ensaio de acústica do entorno?

O ideal na contratação deste serviço é que seja realizada também a simulação computacional acústica que permite identificar como o ruído se comporta ao longo da fachada nos diversos pavimentos e, em especial, quando o empreendimento tem mais de uma torre, e observar como o ruído chega em cada torre.
O profissional contratado deverá ser capacitado em desempenho acústico e usar equipamentos calibrados, apresentando no relatório os certificados de calibração.

Itens do relatório

O relatório deverá apresentar:

  • Descrição completa com croquis dos pontos de medição, incluindo altura de medição em relação ao solo;
  • Horários em que foram realizadas as medições;
  • Descrição dos equipamentos de medição;
  • Resultados das medições;
  • Enquadramento do terreno nas condições de fachadas segundo as classes da ABNT NBR 15575 Parte 4 (Classe I, II, ou III).
  • O relatório deve ser assinado por profissional responsável com CREA ou CAU e deve ser recolhida ART ou RRT do serviço executado.

Observe fontes externas de ruídos acima do permitido!

Caso haja fonte de ruído extraordinária, que esteja gerando ruído além do ruído de tráfego, o relatório deverá apontar se esta fonte está dentro das exigências da lei (lei municipal que define níveis máximos de ruído para as zonas urbanas) ou da ABNT NBR 10151 – Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade caso não haja lei específica.

Caso esta fonte de ruído gere a necessidade de isolamento acústico da esquadria maior que o que seria necessário sem ela, será preciso atuar junto aos órgãos competentes da administração pública, pois, o empreendimento não deve ser obrigado a custear um isolamento acústico maior das esquadrias, por causa de uma fonte que está fora da lei.

Nos casos em que a ABNT NBR 15575 Parte 4 prevê estudos específicos – quando já há estabelecidos no entorno do empreendimento aeroporto, vias férreas, estádios ou instalações esportivas, rodovias, entre outros – o valor exato a ser considerado para cálculo do isolamento das esquadrias deverá ser apresentado no relatório.

Quer saber mais? Baixe o CHECK-LIST DE ATENDIMENTO A NBR 15.575.

O risco nas fachadas dos edifícios

Quedas de peças de fachada ameaçam a segurança de moradores e pedestres

Na quarta-feira de cinzas deste ano, uma placa de granito desabou sobre uma estudante que passava pela rua…

Seis placas desabaram da varanda de um prédio no Leblon, Zona Sul do Rio, e atingiram a jovem, de 20 anos, que sofreu traumatismo craniano.

Mas por que essas placas se soltaram?

Primeiramente, vamos entender o que é o sistema construtivo de fachada.

O sistema de revestimento corresponde ao acabamento final de uma edificação, sendo a parte que se apresenta mais visível, com a finalidade principal de proteção de paredes externas.

A função protetora é a que mais se destaca pela sua importância, pois visa resguardar as superfícies a serem revestidas contra os agentes facilitadores da deterioração. Dentre esses agentes, podem ser citados: a infiltração de água de chuva, água do solo, água de uso e/ou de manutenção, além da ação de ventos, temperatura e umidade do ar, ação de fungos, ataque de roedores e outros agentes de carga, de uso e de sobrecarga.

Além disso, o revestimento também cumpre a função estética, ligada ao conforto visual, envolvendo ainda questões de gosto pessoal, vindo a se constituir em um verdadeiro elemento de valorização do empreendimento.

Vamos entender quais elementos constituem uma fachada desse tipo.

Em primeiro a base que é constituída pela alvenaria ou estrutura de concreto e tem como função dar suporte às camadas posteriores.

Depois temos o chapisco é uma camada de argamassa fluida constituída exclusivamente de cimento e areia e tem como função gerar maior aderência entre a base e as camadas posteriores.

Por cima do chapisco temos a camada do emboço é constituído de argamassa mista também composta de cimento e areia, porém com uma composição diferente. Tem como função regularizar a base (alinhamento e prumo) e servir de suporte para o assentamento das peças decorativas.

A finalização estética é feita por placas decorativas em pedras naturais ou industrializadas, como as cerâmicas.

Para o assentamento das placas decorativas são utilizadas argamassas colantes que são constituídas de aglomerante, agregado miúdo e aditivo que deverão conferir a fixação das peças decorativas ao emboço.

Para regularizar as superfícies entre as bordas das placas são usadas argamassas de rejuntamento que têm a função de proporcionar uma superfície regular e ajudar na estanqueidade do revestimento.

E, por fim, um elemento muito importante são as juntas de dilatação, que são juntas projetadas para aliviar as tensões provocadas pela movimentação da alvenaria ou do próprio revestimento, assim como as movimentações decorrentes da deformação estrutural.

É importante observar então que uma fachada possui várias camadas, e que cada uma delas pode se tornar um ponto de falha e ocasionar uma ruptura.

O prédio da reportagem em questão foi construído em 1982, época em as normas possuíam tolerâncias diferentes das de hoje em dia e permitiam a instalação de pedras naturais em fachadas apenas com argamassa colante.

Porém, em 2010, a norma foi alterada para minimizar os riscos de queda das pedras exigindo-se sua fixação através de parafusos ou inserts metálicos.

Inspeções de fachada devem ser anuais!

Outro ponto a ser observado é a necessidade de inspeção da fachada anualmente, em que se deve verificar:

  1. Integridade da fachada: checar as condições da peça e do suporte que a sustenta.
  2. Segurança: verificar se há fissuras, desplacamentos do reboco adjacente, ou falhas aparentes.
  3. Estanqueidade: identificar a presença ou não de umidade e vazamentos na fachada, se o concreto apresenta algum ponto de corrosão da armadura, ou se há manchas que caracterizariam a presença de água.

Sempre que a inspeção identificar um dos problemas acima, os mesmos deverão ser mapeados e corrigidos por empresa especializada que contenha um profissional habilitado.

Um item importante é lembrar que os trabalhos em fachada implicam em risco de queda em altura do funcionário e, por isso, todos devem ser treinados adequadamente dentro das normas pertinentes, como a NR 35 do ministério do trabalho.

Quando esses cuidados não são executados, o sistema de fachada pode desenvolver patologias que não são visíveis de imediato e podem se deteriorar até que uma falha catastrófica cause um acidente grave, como o da reportagem. Mas para cada acidente grave, vários “quase acidentes” ocorrem sem que alcancem a grande mídia. Para mitigá-los, apenas com a inspeção e manutenção cuidadosa da fachada!

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Quanto tempo é a garantia de uma edificação?

O prédio tá com 4 anos e meio, agora é a hora ideal de colocar tudo num laudo e exigir a alma da construtora certo? Errado!

Vamos entender melhor:

Segundo o artigo 618 do Código Civil Brasileiro de 2002, nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de 5 (cinco) anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais como do solo.

Este prazo de garantia legal, que no caso dos edifícios é também chamado de “garantia quinquenal”, refere-se exclusivamente aos casos de solidez e segurança da edificação, ou seja, ocorrências que possam causar ameaça à integridade física de pessoas. São ocorrências que se enquadram na definição de defeito, estabelecido no art. 12 do CDC, nós temos um vídeo específico sobre o tema.

Porém, uma edificação possui vários sistemas que não se enquadram na garantia quinquenal e, por isso, possuem prazos de garantia próprios. Para as edificações aprovadas antes de 2013, são válido os prazos de garantia estabelecidos nos manuais dos sindicatos estaduais como Sinduscon e Secovi.

A partir da validação da norma de desempenho a NBR 15.575, em 19 de julho de 2013, foram estabelecidos novos prazos de garantia para os sistemas prediais. Veja alguns deles:

O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), a partir de sua edição, estabeleceu nova relação entre fornecedores e consumidores no setor da Construção Civil. Tanto os fornecedores quanto os construtores respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

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Reservatório inferior de água

Muitas edificações possuem reservatórios com água que pode estar contaminada mesmo que a caixa d’água seja limpa frequentemente. Isso por que há falhas endógenas no sistema de abastecimento. Por que isso acontece?

Primeiro vamos entender melhor como é instalação hidráulica de água fria:

  • as concessionárias fazem a distribuição de água e esgotamento sanitário pelas ruas das cidades;
  • os condomínios recebem essa água que chega pela rede pública através de um medidor;
  • após a passagem pelo hidrômetro, ela é conduzida para rede interna de abastecimento.

A rede de distribuição interna é composta pelo reservatório inferior que recebe a água da concessionária e a bombeia para o reservatório superior que então distribui a água para os pavimentos por gravidade.

E esse é o ponto a ser observado! Os reservatórios inferiores de muitos prédios são construídos de forma subterrânea, enterrados no solo. Porém, esse tipo de reservatório exige um sistema que seja totalmente estanque, para evitar contaminações provenientes do solo, água de limpeza das garagens ou estacionamentos, óleo dos carros, invasão de insetos, poeira e… a lista continua.

Pela norma ABNT NBR 5.626 (Instalação Predial de Água Fria), o reservatório inferior, quando construído enterrado, deve possuir uma distância de 60 cm entre todas as suas faces e o ambiente externo.

Uma boa prática então é inspecionar o reservatório inferior e verificar:

  • a face superior não pode expor a água diretamente pelo alçapão superficial;
  • deve haver uma caixa ou uma envoltória em torno da estrutura construída para o reservatório.

Vale lembrar que reservatórios pré-fabricados em um nicho de concreto atende a norma! Só há problema quando o reservatório é de concreto armado enterrado diretamente no solo!


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Edifícios Eficientes!

Quando falamos de eficiência, logo vem à memoria placas solares, torres eólicas, vidros reflexivos…

Isso por que o termo ‘eficiência energética’ está bem difundido atualmente, mas, na verdade, os prédios e edifícios também devem ser eficientes, tanto do ponto de vista energético, mas não se restringindo a apenas isso, todos os sistemas prediais também precisam de eficiência!

Neste eBook, Edifícios Eficientes, reunimos os 5 passos essenciais para tornar o seu prédio mais seguro, com custo otimizado e mais valorizado!

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    Corrigir é mais caro que prevenir

    sifrãoAguardar os problemas aparecerem nos prédios para então resolvê-los, geram correções muito mais caras do que implantar uma cultura de manutenção preventiva.   Os edifícios, assim como as pessoas, precisam de cuidados constantes. Desabamentos como os da cobertura da Igreja Renascer, em São Paulo, do edifício Liberdade no centro do Rio de Janeiro, e do edifício Senador, em São Bernardo do Campo (SP), são exemplos de tragédias que ocuparam o noticiário nacional recentemente e que trouxeram à tona a preocupação com as condições de uso e manutenção das edificações. Quem é o responsável pela manutenção predial? A responsabilidade legal de garantir que as edificações preservem suas condições de segurança para os usuários é do Sindico, sendo citado no Código Civil (item V, artigo 1.348), Código Penal (artigos 129 e 132) e no CDC (item VIII, artigo 34) como o principal agente para garantia da salubridade e conforto, cuja atuação é através da inspeção e manutenção predial.  Atualmente, várias cidades brasileiras possuem também legislações específicas para a segurança estrutural dos edifícios, a serem observadas na elaboração dos projetos e na execução, bem como no funcionamento das edificações. Como implantar a cultura de manutenção preventiva nas edificações? O passo inicial é através de uma inspeção predial, que se trata de uma avaliação do real estado de conservação e manutenção da edificação, bem como o grau de criticidade das deficiências constatadas. A inspeção possibilita a emissão de laudo com prioridades técnicas que auxiliam na elaboração do plano de manutenção. É uma espécie de consulta com clínico geral a partir da qual se estrutura o laudo de inspeção, documento técnico, que deve ser conduzido de acordo com as orientações e prazos estipulados e, ainda, pode ser útil para apoiar estudos de valorização e modernização de imóveis e reduzir prêmios de seguro. O mais importante é que o laudo de inspeção predial contenha informações claras sobre os problemas encontrados e como o síndico poderá resolvê-los de forma prática. predio-1 Ao lado, um infográfico apresenta os diferentes sistemas que devem ser avaliados, no mínimo, em uma inspeção predial: 1.Alvenarias 2.Estruturas de concreto armado e protendido 3.Fundações 4.Para-raios e aterramento 5.Impermeabilização e Cobertura 6.Instalações elétricas 7.Revestimento de fachadas 8.Instalações hidráulicas e de gás O essencial é compreender o risco que a falta de manutenção em sistemas como os citados acima podem ocasionar para a edificação. Por exemplo, o sistema pára-raios e aterramento tem o objetivo de direcionar as descargas elétricas para o solo, se o edifício for atingido por um raio. Caso esteja deficiente ou inoperante, pode resultar em perdas dos equipamentos elétricos e até incêndios. A inspeção predial deve ser realizada por empresa especializada que possua profissionais habilitados, com inscrições válidas no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). É importante que se avalie a experiência dos profissionais envolvidos e o escopo dos serviços prestados.